“O Detetive Sombra
(sem licença)”
Era uma vez um homem, não uma sombra,
que se apelidava “Detetive Sombra”: “detetive”
(apesar de não ter licença), por adorar a investigação e saber o que e onde
procurar, “Sombra”, por não poder exercer legalmente.
Uma manhã acordou entusiasmadíssimo
pois tinha chegado o dia do exame para o qual se tinha preparado e que lhe concederia
a tão almejada licença que faria com que deixasse de atuar na sombra. Como
sempre, dirigiu-se à cozinha, de sombra em sombra, comeu os seus cereais de
caramelo com pepitas de sombra, tomou um revigorante duche, vestiu a sua
gabardina sombra, companheira de emocionantes aventuras e, finalmente, colocou
o seu chapéu com uma fita preta.
Fechou a porta de casa e dirigiu-se à
empresa “Sê o que quiseres mas com licença”, onde se apresentou à hora marcada
para o exame. Pediram-lhe para esperar devido a um atraso. Sentou-se ansioso e
nervoso. Viu sair de uma sala um astronauta com um papel na mão e um ar feliz.
Imaginou-se a si próprio, daí a umas horas, poder finalmente sair da sombra.
A sua vez chegou. Já mais tranquilo mas
entusiasmado, por se saber bem preparado, iniciou o exame. Nada correu como
esperava – perguntas com rasteiras, demasiado elaboradas; a parte prática, já
em recinto aberto, também ela muito exigente e com inúmeras dificuldades:
saltar de um edifício para outro, apenas com a ajuda de um arco e de uma flecha
e tentar acertar, ao mesmo tempo em diversos alvos em movimento; derrubar
adversários, equilibrando-se em cima de um veículo em movimento; apagar sozinho
um fogo posto, salvando os moradores,… de repente, sentiu que o seu sonho iria
ruir. O resultado confirmou o seu pior pesadelo: tinha reprovado.
Que fazer? Continuar a atuar sem
licença?! O tempo passou e, um belo dia, depois de muito pensar, decidiu não
desistir do seu sonho. Tornaria a preparar-se para repetir o exame, desta vez
sabendo o que o esperava mas, entretanto, iria entrar em contacto com um seu
amigo de longa data, inteirar-se das preocupações da polícia e continuar a
ajudar na sombra.
De momento, a polícia revirava tudo e
interrogava todos à procura de um criminoso, Gustavo Mariquinhas. Assaltante de
bancos em diversos pontos do país, de casas ricas, mais ou menos isoladas, era
uma verdadeira dor de cabeça. Não havia maneira de se aproximarem dele, nem um
rasto.
O Detetive Sombra sabia o que fazer.
Para isto, sim! Estava bem preparado.
Tinha os conhecimentos necessários para
iniciar as suas buscas. Contactou antigos conhecimentos e, quase sem saber
como, conseguiu chegar ao assistente de Gustavo Mariquinhas, Rui Bófas. Ao
ver-se descoberto e com receio pela segurança da família, Bófas contou tudo o
que tinha a contar, até mesmo os planos do assalto seguinte. O Detetive Sombra informou
a polícia e Gustavo Mariquinhas foi apanhado em flagrante. Mais um caso que se
resolve para bem da sociedade!
Depois de umas merecidas férias e
satisfeito consigo próprio, o Detetive Sombra prepara-se agora para o exame da
sua vida pois sabe que o importante é nunca desistir de uma boa causa!
Assim, poderá continuar a resolver
casos… e, pelo que lhe soou, outro bem mais perigoso se avizinha …!
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